CONGREGAÇÃO CRISTÃ FAZ 100 ANOS
Notícia que saiu no jornal Correio Popular de Campinas, SP, sobre o centenário da CCB.
ROGÉRIO VERZIGNASSE
Pouca gente se dá conta. Mas a Congregação Cristã se estabeleceu no País há exatos cem anos. A comunidade religiosa nasceu nos Estados Unidos. Ela foi trazida pelo ítalo-americano Louis Francescon, que comandou por aqui os primeiros batismos por imersão, na cidade paranaense de Santo Antônio da Platina. Em Campinas, as primeiras reuniões aconteciam em uma residência na Rua Dr.Ricardo , no Centro. O primeiro templo campineiro foi inaugurado em 1949, na Rua Salustiano Penteado. Em 2000, a religião tinha 5 milhões de membros declarados no Brasil.
Do lado de fora, a impressão é de que o templo imponente é fechado para o mundo à sua volta. Afinal, os fiéis se vestem sempre com roupas sóbrias, em cortes clássicos. Os frequentadores são comportados ao extremo, metódicos, sérios. Mas, na verdade, a aparência conservadora esconde um cotidiano repleto de ações sociais e causas voluntárias.
Senhoras ocupam a oficina do pavimento superior do imóvel anexo à igreja e, sem cobrar um tostão, costuram roupas doadas aos necessitados. Diáconos jovens abrem mão de lazer e diversão para trabalhar no amparo a irmãos drogados. E, apesar do trabalho nobre, o grupo não investe em propaganda nem aparece na mídia.
Segundo os dirigentes do grupo campineiro, que optam pela discrição e pelo anonimato, o que torna a Congregação Cristã especial é que servir a Deus depende da inspiração pessoal. O cidadão sente um chamado para cooperar, participar. Ninguém precisa bater de porta em porta para angariar fiéis ou pregar na rua. Os membros dão testemunho de fé em casa, no trabalho, naescola . E aqueles que se identificam com aquele comportamento cristão procuram o templo por conta própria.
Hildebrando Maciel, de 73 anos, é o ancião mais antigo da cidade. De família católica, ele sabe o dia exato em que foi apresentado à congregação: 25 de novembro de 1956. Trabalhava como pedreiro. Tinha 19 anos. Uma época da vida em que a rapaziada participa de farras e não quer saber de mais nada. Pois ele entrou no templo para ver um culto e ficou encantado. “Senti na hora que aquele era meu lugar”, disse. Essa inspiração divina, segundo os membros, afasta o fiel jovem das tentações da carne. Os jovens enamorados, fiéis aos ensinamentos, se casam virgens. E com muito orgulho. Trata-se de uma opção pessoal. Quem não concorda, ou não se sente capaz, não é obrigado a frequentar os cultos ou seguir as doutrinas.
A congregação tem regras básicas: não existe ligação alguma com causas ou candidatos. Não há vínculos com partidos ou qualquer organização, seja governamental ou não. Se algum membro do corpo ministerial aceita um cargo político, por exemplo, ele renuncia ao seu cargo congregacional.
ROGÉRIO VERZIGNASSE
No templo imenso, há acomodação para 1,2 mil fiéis. Na fileira central de bancos, uma centena de músicos se ajeitam diante das estantes (pórticos delicados onde se apóiam as partituras). Eles executam hinos primorosos. Atrás do púlpito, de onde o ancião comanda o culto, há o tanque azulejado onde acontecem as cerimônias de batismo por imersão. Na Rua Germânica funciona o centro administrativo regional da Congregação Cristã no Brasil, ao qual estão subordinados 440 templos, de 27 cidades. Só em Campinas, são 23 mil seguidores cadastrados. Cristãos que, além de batizados, já participaram da Santa Ceia, espécie de sacramento cumprido pelos adeptos.
Pouca gente se dá conta. Mas a Congregação Cristã se estabeleceu no País há exatos cem anos. A comunidade religiosa nasceu nos Estados Unidos. Ela foi trazida pelo ítalo-americano Louis Francescon, que comandou por aqui os primeiros batismos por imersão, na cidade paranaense de Santo Antônio da Platina. Em Campinas, as primeiras reuniões aconteciam em uma residência na Rua Dr.
Do lado de fora, a impressão é de que o templo imponente é fechado para o mundo à sua volta. Afinal, os fiéis se vestem sempre com roupas sóbrias, em cortes clássicos. Os frequentadores são comportados ao extremo, metódicos, sérios. Mas, na verdade, a aparência conservadora esconde um cotidiano repleto de ações sociais e causas voluntárias.
Sem qualquer vínculo, voluntários se dedicam a ações sociais. |
Segundo os dirigentes do grupo campineiro, que optam pela discrição e pelo anonimato, o que torna a Congregação Cristã especial é que servir a Deus depende da inspiração pessoal. O cidadão sente um chamado para cooperar, participar. Ninguém precisa bater de porta em porta para angariar fiéis ou pregar na rua. Os membros dão testemunho de fé em casa, no trabalho, na
Hildebrando Maciel, de 73 anos, é o ancião mais antigo da cidade. De família católica, ele sabe o dia exato em que foi apresentado à congregação: 25 de novembro de 1956. Trabalhava como pedreiro. Tinha 19 anos. Uma época da vida em que a rapaziada participa de farras e não quer saber de mais nada. Pois ele entrou no templo para ver um culto e ficou encantado. “Senti na hora que aquele era meu lugar”, disse. Essa inspiração divina, segundo os membros, afasta o fiel jovem das tentações da carne. Os jovens enamorados, fiéis aos ensinamentos, se casam virgens. E com muito orgulho. Trata-se de uma opção pessoal. Quem não concorda, ou não se sente capaz, não é obrigado a frequentar os cultos ou seguir as doutrinas.
A congregação tem regras básicas: não existe ligação alguma com causas ou candidatos. Não há vínculos com partidos ou qualquer organização, seja governamental ou não. Se algum membro do corpo ministerial aceita um cargo político, por exemplo, ele renuncia ao seu cargo congregacional.
O próprio ancião não passa por uma formação esepfial (como o seminário, no caso dos católicos). Mas o seu desempenho é avaliado a cada instante pelos congregados que tenham as mesmas funções.
Também não há cobrança de dízimo. Ajuda quem pode, com quanto pode.
Tradição
Nos Estados Unidos, a comunidade nasceu da reunião de imigrantes italianos protestantes, que passaram a difundir doutrinas próprias. Os artigos de fé da Congregação Cristã seguem princípios comuns a outras religiões cristãs. Crê-se na vida após morte e na existência de um só Deus, criador do Universo. No culto, há uma série de práticas tradicionais: as mulheres usam véu; há assentos separados para os públicos masculino e feminino; as orações são feitas de joelhos.
A orquestra é um espetáculo à parte. Os hinário, composto de louvores e súplicas a Deus, possui composições cultuadas há gerações. São mais de 450 hinos cadastrados, encantadores.
SAIBA MAIS
O templo central campineiro da Congregação Cristã no Brasil fica na Rua Germânia, 661, no Castelo. Os cultos são realizados às quintas-feiras, sábados e domingos às 19h30. Há um culto especial nas tardes de terça-feira, abertos a fiéis mais idosos ou que tenham de trabalhar à noite. O culto especial para os jovens é às 19h30 de cada sexta-feira. Mais informações pelo telefone (19) 3201-3170.
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