A história do
Movimento Pentecotal e o contato com William H. Durham
O irmão ancião Louis Francescon manteve contato com o movimento
pentecostal americano iniciado em Los Angeles, e, em uma reunião deste
movimento em Chicago, Francescon tem sua experiência com o falar em novas
línguas. Iniciando assim um novo capítulo na história das igrejas italianas dos
Estados Unidos: O Movimento Pentecostal Ítalo-Americano.
Para compreendemos este assunto temos que nos reportar ao começo
do século passado, quando houve o início do Movimento, do qual nós descendemos,
mesmo que indiretamente.
Vejamos:
O início do avivamento começou com o ministério do Charles Fox
Parham. Em 1898 Parham abriu um ministério, incluindo uma escola Bíblica, na
cidade de Topeka, Kansas. Depois de estudar o livro de Atos, os alunos da
escola começaram buscar o batismo no Espírito Santo, e, no dia 1° de janeiro de
1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo, com a manifestação do dom de
falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o próprio
Parham, também receberam a experiência e falaram em línguas.
Charles Fox Parham
Nesta época, as igrejas Holiness ("Santidade"),
descendentes da Igreja Metodista, ensinaram que o batismo no Espírito Santo, a chamada
"segunda benção", signficava uma santificação, e não uma experiência
de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como
falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do batismo no
Espírito. A mensagem do Parham, porém, foi que o batísmo no Espírito Santo deve
ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas.
Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros, começou pregar
sobre o batismo no Espírito Santo, e também iniciou um jornal chamado "The
Apostolic Faith" (A Fé Apostólica). Em Janeiro de 1906 ele abriu uma outra
escola Bíblica na cidade de Houstan, Texas.
Um dos alunos esta escola foi o William Seymour. Nascido em 1870,
filho de ex-escravos, Seymour estava pastoreando uma pequena igreja Holiness na
cidade, e já estava orando cinco horas por dia para poder receber a plentitude
do Espírito Santo na sua vida.
William Seymour
Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder frequentar a escola. Ele não foi autorizado ficar na sala de aula com alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas do corredor. Seymour também não pude orar nem receber oração com os outros alunos, e consequentamente, não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem.
Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder frequentar a escola. Ele não foi autorizado ficar na sala de aula com alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas do corredor. Seymour também não pude orar nem receber oração com os outros alunos, e consequentamente, não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem.
Uma pequena congregação Holiness da cidade de Los Angeles ouviu
sobre Seymour e o chamou para ministrar na sua igreja. Mas quando ele chegou e
pregou sobre o batismo no Espírito Santo e o dom de línguas, Seymour logo foi
excluído daquela congregação.
Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro nem a
passagem para poder voltar para Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee,
um membro daquela igreja, e mais tarde, por Richard Asberry. Seymour ficou em
oração, aumentando seu tempo diário de oração para sete horas por dia, pedindo
que Deus o desse "aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e
fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram."
Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua
Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy
Farrow, amiga de Seymour que já tinha recebdo o batismo no Espírito Santo, da
cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou para Edward Lee, que caiu no
chão e começou falar em línguas estranhas.
Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo
caiu na reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes
começaram falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com William
Seymour, começou cantar e tocar o piano, apesar de nunca tiver aprendido a
tocar.
A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou lotado com
pessoas buscando o batismo no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio
Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas.
Uma testemunha das reuniões na Rua Bonnie Brae disse:
Eles gritaram durante três dias e três noites. Era Páscoa. As
pessoas vieram de todosos lugares. No dia seguinte foi impossível chegar perto
da casa. Quando as pessoas entraram, elas cairam debaixo do poder de Deus; e a
cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações da casa cederam,
mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias havia muitas pessoas que
receberam o batismo. Os doentes foram curados e os pecadores foram salvos assim
que eles entraram.
Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brase estava ficando pequena
demais para as multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se
reunir. Eles acharam um prédio, na Rua Asusa, número 312, que tinha sido uma
igreja Metodista Episcopal mas, depois de ser danificado num incêndio, foi
utilizado como estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros, e construir
um púlpito de duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto foi
realizado na Rua Asusa no dia 14 de abril de 1906.
Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades vizinhas já
estavam esperando por um avivamento. Frank Bartleman e outros estiveram
pregando e intercedendo por um avivamento como aquilo que Deus estava
derramando sobre o país de Gales.
Num folheto escrito em novembro de 1905, Barteman escreveu:
A correnteza do avivamento está passando pela nossa porta... O
espírito de avivamento está chegando, dirigido pelo sopro de Deus, o Espírito
Santo. As nuvens estão se juntando rapidamente, carregadas com uma poderosa
chuva, cuja precipitação demorará apenas um pouco mais.
Heróis se levantarão da poeira da obscuridade e das circunstâncias
desprezadas, cujos nomes serão escritos nas páginas eternas da fama Celestial.
O Espírito está pairando novamente sobre a nossa terra, como no amanhecer da
criação, e o decreto de Deus saía: "Haja luz"...
Mais uma vez o vento do avivamento está soprando ao redor do
mundo. Quem está disposto a pagar o preço e responder ao chamado para que, em
nosso tempo, nós possamos viver dias de visitação Divina?
O pastor da Primeira Igreja Batista, Joseph Smale, visitou o
avivamento em Gales, e reuniões de avivamento continuavam para alguns meses na
sua igreja, até que ele foi demetido pela liderança. Bartleman escreveu e
recebeu cartas de Evan Roberts, o líder do avivamento de Gales. Mas o
avivamento começou com o pequeno grupo de oração dirigido por Seymour.
Depois de visitar a reunião na Rua Bonnie Brae, Bartleman
escreveu:
Havia um espírito geral de humildade manifesto na reunião. Eles
estavam apaixandos por Deus. Evidentemente o Senhor tinha achado a pequena
companhia, ao lado de fora como sempre, através de quem Ele poderia operar. Não
havia uma missão no país onde isso poderia ser feito.
Todas estavam nas mãos de homens.
O Espírito não pôde operar. Outros mais pretensiosos tinham
falhados. Aquilo que é estimado por homem foi passado mais uma vez e o Espírito
nasceu novamente num "estábulo" humilde, por fora dos estabelecimentos
eclesiásticos como sempre.3Interesse nas reuniões na Rua Azusa aumentou depois
do terrível terremoto do dia 18 de abril, que destruiu a cidade vizinha de San
Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais da cidade também ajudavam a
espalhar a noticia do avivamento.
Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram dirigidas de
acordo com uma programação, mas foram compostos de oraçãos, testemunhos e
cânticos espontâneos. No jornal da missão, também chamado "The Apostolic
Faith", temos a seguinte descrição dos cultos:"As reuniões foram
transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão vindo.
As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal
conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas
da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder de
Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e fileiras e mais
fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas com os que estão
buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e
batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de enfermidade.
Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos
missionários com o dom de línguas. Estamos buscando mais do poder de
Deus."
Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa:O
irmão Seymour normalmente se sentou atrás de duas caixas de sapato vazias, uma
em cima da outra. Ele acustumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima
durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos
continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas debaixo do
poder quase qualquer hora, da noite ou do dia.
O lugar nunca estava fechado nem vazio. As pessoas vieram para
conhecer Deus. Ele sempre estava lá. Conseqüentemente, foi uma reunião
contínua. A reunião não dependeu do líder humano.
Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e chão de barro, Deus
despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou novamente, para a Sua glória.
Era um processo tremendo de revisão. O orgulho e a auto-asserção, o ego e a
auto-estima, não podiam sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio
sermão funerário rapidamente.
Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve
nenhum pregador especial por tal hora. Ninguém soube o que poderia acontecer, o
que Deus faria. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós quisemos ouvir
de Deus, através de qualquer um que Ele poderia usar para falar. Nós tivemos
nenhum "respeito das pessoas." O rico e educado foi igual ao pobre e
ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós
reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais.
Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dEle. Ele não pôde
usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus.
Teve que começar num ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao
lado de fora. Todos entraram juntos em humildade, aos pés dEle.
Notícias sobre as reuniões na Rua Azusa começaram a se espalhar, e
multidões vierem para poder experimentar aquilo que estava acontecendo. Além
daqueles que vierem dos Estados Unidos e da Canadá, missionários em outros
páises ouvirem sobre o avivamento e visitavam a humilde missão. A mensagem, e a
experiência, "Pentecostal" foi levada para as nações. Novas missões e
igrejas Pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações Holiness se
tornaram igrejas Pentecostais. Em apenas dois anos, o movemento foi
estabelecido em 50 nações e em todas as cidades nos Estados Unidos com mais de
três mil habitantes.
A influência da missão da Rua Azusa começou a diminuir à medida
que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e a experiência do batismo do
Espírito Santo. Uma visita de Charles Parham à missão, em outubro de 1906,
resultou em divisão e o estabelecimento de uma missão rival. Parham não se
conformava com a integração racial do movimento, e criticou as manifestações
que ele viu nas reuniões.
Em setembro de 1906 a Missão da Rua Azusa lançou o jornal
"The Apostolic Faith", que foi muito usado para espalhar a mensagem
Pentecostal, e continuou até maio de 1908, quando a mala direta do jornal foi
indevidamente transferida para a cidade de Portland, assim efetivamente
isolando a missão de seus mantenadores.
O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi
instrumental na criação do movimento Pentecostal, que é o maior segmento da
igreja evangélica hoje. William H. Durham(é possível encontrar este nome no
livreto que a CCB distibui com o testemunho de Luigi Francescon)recebeu seu
batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja em
Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Daniel Burg
(fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da
Congregação Cristã no Brasil).
Fonte:1. Fire on the Earth por Eddie
Hyatt2. The Topeka Outpouring of 1901 por Larry Martin3. Azusa Street por Frank
Bartleman4. Jornal The Apostolic Faith da Missão Azusa5. The Fire That Could
Not Die por Rick Joyner6. Azusa Street & Beyond por Grant McClung